Nunca foi tão fácil, em toda a história da humanidade, atingir grandes realizações. Uma boa explicação para isso é o poder cada vez maior da tecnologia para aumentar nossa produtividade.
Hoje, a tecnologia possibilita que uma criança de Bangladesh aprenda álgebra com os melhores professores do planeta. Permite que pessoas do mundo todo se vejam e trabalhem em colaboração em tempo real. Podemos acessar as mais ricas bibliotecas do mundo e publicar nossas ideias para serem lidas em qualquer lugar. A tecnologia possibilitou avanços na medicina, a decodificação do genoma humano, a derrubada de governos, a divulgação de segredos de Estado e a exploração de atos de corrupção.
Com os avanços na interconectividade, o poder de processamento e os vestuários tecnológicos capazes de medir desde a temperatura de nossa pele até nosso fluxo sanguíneo, a interação entre o modo como vivemos e pensamos e as tecnologias que usamos se torna cada vez mais forte. E a revolução está só começando.
O fluxo constante de informações possibilitado pela atual tecnologia enche nossa vida de tarefas e demandas por nossa atenção que, no fim das contas, podem não ser tão importantes. A tecnologia permite que qualquer pessoa que tiver vontade, em qualquer lugar do mundo, deixe uma mensagem em nossa caixa de entrada digital, obrigando-nos a responder, mesmo que seja só para dizer não. Somos enterrados vivos pela torrente irrefreável de tarefas e demandas, o que nos drena uma energia que poderia ser alocada para atividades de maior valor. Em muitos casos, redefinimos o sucesso como simplesmente realizar as coisas a tempo (e no último minuto!), em vez de realizar as coisas importantes, dedicando-lhes a atenção e a qualidade que nos fazem sentir como quem de fato está executando um trabalho extraordinário.
A natureza acelerada viabiliza pela tecnologia do ambiente de trabalho afetou a vida das pessoas a ponto de elas passarem a se sentir mais sobrecarregadas do que nunca. Elas se veem atoladas em lamaçal de tarefas e ao mesmo tempo drenadas da capacidade de realizá-las. Então ficam agitadas, e ansiosas, estressadas quando estão trabalhando e estressadas quando não estão. E um estado semipermanente de inquietação que permeia nossa cultura e exaure nossa confiança, e nosso prazer. Esse é o custo humano do paradoxo da produtividade, que só vai se agravar para quem não souber como domá-lo e usá-lo em benefício próprio.
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