Como profissionais do conhecimento, pagos para pensar, criar e inovar, uma ferramenta importantíssima que temos para criar valor é o nosso cérebro. Então, antes de avançarmos, vamos dar uma olhada em como o nosso cérebro funciona.
Não se preocupe, não vamos nos aprofundar em psicologia avançada ou neuroquímica. Vamos nos limitar a falar de duas partes básicas do nosso cérebro: o Cérebro Reativo e o Cérebro Pensante. O Cérebro Reativo constitui a parte inferior do cérebro. É a origem da nossa reação de lutar ou fugir e também é onde processamos os nossos sentimentos e emoções. É importante ressaltar que, como veremos, é também onde o nosso cérebro processa o prazer e a satisfação. A maioria desses processos ocorre automaticamente, antes de termos tempo para pensar no que está acontecendo. O Cérebro Reativo também é o lar dos hábitos adquiridos, porém arraigados, os padrões de pensamento e comportamento que armazenamos tão profundamente nessa parte do cérebro que eles se tornaram inconscientes e automáticos, como dirigir para o trabalho quando estamos ocupados pensando em outra coisa. Os cientistas dizem que o Cérebro Reativo se desenvolveu para garantir a nossa sobrevivência já nos tempos pré-históricos. Imagine um homem das cavernas caminhando pela floresta. A sobrevivência dele dependia de sua capacidade de reagir rapidamente, sem pensar, a uma ameaça imediata, como um tigre-dentes-de-sabre. Se não agisse rápido, viraria o almoço do tigre.
A parte superior do nosso cérebro, o Cérebro Pensante, por sua vez, é onde tomamos decisões conscientes e intencionais. É muitas vezes chamado de função executiva, porque é onde podemos dirigir e sobrepor conscientemente outros impulsos provenientes do Cérebro Reativo. É onde agimos em vez de reagir. É onde escolhemos prestar atenção a algo de maneira deliberada e ponderada.
Como as reações do Cérebro Reativo estão profundamente enraizadas, elas requerem muito pouca energia. Ocorrem rapidamente e, a menos que façamos a opção consciente por uma linha de ação diferente, o Cérebro Reativo domina, desviando a nossa atenção de pensamentos superiores a estímulos mais imediatos. Grande parte dos anúncios publicitários que vemos foi criada para ser atrativa para o Cérebro Reativo – movimentos alarmantes, sons surpreendentes, imagens sexuais e assim por diante. Nas palavras de um pesquisador,
“As implicações para os profissionais de marketing são claras: para mobilizar as pessoas com rapidez e o mínimo de resistência, temos de focar grande parte de nosso empenho no processamento físico e emocional de nível inferior, que são as rodovias de alta velocidade que levam ao inconsciente dos consumidores”. Desse ponto de vista, não passamos de carteiras com neurônios acoplados, sendo que o objetivo é mobilizar um número suficiente de nossos neurônios reativos para obter acesso à nossa carteira!
O Cérebro Pensante, pelo contrário, requer mais tempo e esforço, mas é onde transcendemos as nossas reações primitivas, regulamos o nosso comportamento e tomamos decisões melhores sobre o que fazer. Essa é a parte do cérebro que explica por que os seres humanos conseguiram sair da caverna e criar civilizações e culturas. A nossa capacidade de escolher uma reação mais ponderada para as situações está no cerne do que é o ser humano.
O lado animador, com base nas constatações da neurociência, é que, com a prática, podemos efetivamente reconfigurar o nosso cérebro para sermos mais ponderados e exigentes em nossas escolhas. São essas escolhas ponderadas que determinam a qualidade, a satisfação e a felicidade na vida.
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