Imagine que você está num tribunal. Você foi convocado como perito e o advogado de acusação tenta convencer o júri de que você é testemunha confiável. O que ele tenta provar?
Em primeiro lugar, que você é uma pessoa íntegra – que é honesto e coerente, que tem uma reputação de ser uma pessoa sincera e não mente.
Segundo, que você tem boa intenção – que não está tentando enganar nem proteger quem quer que seja, que não tem nenhum motivo nem segundas intenções que manchariam seu testemunho.
Em terceiro lugar, que suas credenciais excelentes, que você, de fato, possui a expertise, o conhecimento, a habilidade e a capacidade na área sobre a qual irá testemunhar.
Em quarto lugar, que você tem bons antecedentes, que no passado você comprovou em outras situações, de maneira eficiente, suas capacitações e conhecimentos, e que existem boas razões para acreditar que você fará o mesmo agora.
Agora o advogado de defesa levanta-se e tenta convencer o júri de que você não é confiável. O que ele tentará provar? Exatamente o oposto.
Talvez dirá que lhe falta integridade – que você é desonesto ou mentiu no passado, ou que você é excêntrico ou tem alguma falha de caráter que desacreditaria seu testemunho. Ou que tem alguma segunda intenção ou algum motivo para “torcer” o testemunho. Ou que tem alguma segunda intenção ou algum motivo para “torcer” o testemunho a favor da promotoria. Ou que lhe faltam credenciais e que não está qualificado para testemunhar na área de sua suposta expertise. Ou que seus antecedentes estão maculados – que você não produziu bons resultados ou não comprovou ter a capacidade para discernir os fatos.
Basicamente tudo se reduz a estas quatro questões: sua integridade, sua intenção, suas capacitações e seus resultados. Sua credibilidade como especialista, como pessoa, como líder, como família, como organização – dependem desses quatro fatores. E essa credibilidade seria vital ao caso, particularmente se não existisse evidência física irrefutável, o que implica que, na verdade, o veredicto se baseará na credibilidade dos testemunhos pessoais. Em tais casos, é justamente a credibilidade das testemunhas que está em jogo e sendo julgada.
Em recente caso que, por falta de evidência tangível, baseou-se no testemunho, o advogado de defesa pediu ao juiz uma audiência de prejulgamento para “determinar se a testemunha queixosa era suficientemente confiável para testemunhar”. No meio do julgamento da Enron, uma manchete da USA Today dizia: “O Veredicto Podia Depender Unicamente da Credibilidade de Skilling.” Depois do veredicto ter sido condenatório, a nova manchete dizia: “Jurados: Ex-Executivos da Enron Não Confiáveis. ”
Tanto nos tribunais como na vida, muito pode depender do fato de você ser confiável – ou não. Por exemplo, em 2005, durante a investigação governamental da transação AIG de Seguros com a General Re (controlada por uma subsidiária da empresa de Warren Buffet, a Berkshire Hathaway), a reputação de ética e integridade de Warren Buffett, certamente foram levadas em consideração até mesmo antes de quaisquer detalhes dos interesses na transação terem vindo à tona. Um professor de ética da Wharton Business School disse: “Dadas suas realizações, eu estaria inclinado a dar-lhe o benefício da dúvida. ” Outro CEO disse: “Aqui está alguém bem-sucedido e suficientemente visível para que tudo nele já tenha sido esmiuçado. ” Naturalmente, Buffett foi inocentado, mas sequer sofreu qualquer arranhão na reputação justamente por causa da credibilidade inconteste.
Jamais alguém se recusou a negociar comigo por falta de confiança.
– Jon Huntsman, Chairman da Huntsman Corporation
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